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Chegou aos 40? Confira dicas para escolher lentes multifocais em casos da clássica ‘vista cansada’

Oftalmologistas explicam os diferentes tipos diante de preços que variam de R$300 a R$10 mil

  • Carolina Cerqueira

A miopia é grande conhecida de crianças, jovens e adultos, mas, se você sabe o que é presbiopia, vai entregar a idade. A casa dos 40 traz, no pacote, a tal da vista cansada que automaticamente te faz tentar afastar ao máximo as letrinhas e números miúdos dos panfletos, páginas de livros e mensagens no celular. Mas quando chega a hora que os braços ficam curtos demais e só os óculos resolvem, como faz? O mercado promete a grande solução: lentes multifocais. Indo de R$300 a até R$10 mil, elas têm uma grande variação de qualidade e uma série de adicionais que podem deixar qualquer um doido na hora de comprar.

As lentes multifocais substituem as antigas bifocais, que possuíam uma linha no meio dividindo a parte de cima, dedicada ao grau para longe, e a parte de baixo, para perto. Já as multifocais fazem uma mudança progressiva, incluindo também uma visão intermediária, para uma distância equivalente ao uso do computador, por exemplo. A promessa é de mais conforto para quem está usando.

O oftalmologista Luiz Spínola, presidente da Sociedade de Oftalmologia da Bahia (Sofba) afirma que a visão de perto é controlada por um efeito da musculatura ocular e que, a partir dos 40 anos, essa musculatura começa a falhar, acarretando uma demora para estabelecer o foco naquilo que está perto. O oftalmologista Flavio Mac Cord, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), acrescenta que a presbiopia pode chegar mais tarde para aqueles que possuem miopia, que dificulta a visão de longe, mas facilita a de perto.

A professora Jaqueline Oliveira, de 46 anos, já utilizava óculos para longe e começou a sentir dificuldade para ler de perto em 2021. Até que no início de 2023 ela precisou acrescentar o grau para perto e adotou as lentes multifocais. “No início, a adaptação é difícil, principalmente para descer escada, olhar para baixo. Mas as vantagens foram grandes porque eu não precisava mais ficar tirando e colocando os óculos durante as aulas, por exemplo. Se eu fizesse uma explanação no quadro, colocava os óculos, se eu mexia no computador, tinha que tirar”, conta.

Luiz Spínola diz que o processo de adaptação é normal. “Não precisa se desesperar se você sair da ótica e tiver com dificuldades. Mas, se passar muito tempo sem nenhum avanço, o recomendado é que a pessoa volte ao oftalmologista que passou a receita dos óculos para que ele verifique o que está havendo”, explica.

Por que tão caras?




A professora Jaqueline Oliveira conta que costumava pagar R$200 pelas lentes de seus antigos óculos e, agora, com as multifocais, pagou R$1.000. A psicoterapeuta Luciane Kalile, de 43 anos, começou com as multifocais aos 39 e diz que sentiu dificuldade na hora de escolher por conta dos diversos tipos e variações de preço. “No início, com medo da dificuldade de me adaptar, comprei a lente mais cara. Mas, em 2021, já no segundo, optei por uma com campo de visão menor porque era mais barata. Sigo usando ele até hoje porque não dá para ficar trocando todo ano, são preços muito altos”, compartilha.

Flavio Mac Cord explica que os altos preços envolvem tecnologias que facilitam a adaptação do indivíduo e a progressão suave entre perto, intermediário e longe. “As tecnologias podem até envolver inteligência artificial”, diz. Luiz Spínola complementa que, além das marcas, existem variações dos materiais a partir dos quais são feitas as lentes. “Quanto melhor a qualidade, mais fina, transparente, leve e com um campo de visão mais amplo. Uma lente de baixa qualidade pode acarretar em maior dificuldade de adaptação, tontura, dor de cabeça, porque a transição do olhar para cima e para baixo não é tão suave”, explica.

“Existem ainda lentes com a parte central mais larga, que fazem com que o paciente varie o olhar de maneira mais confortável, tanto para cima e para baixo quanto para frente e para o lado. Essa qualidade de visão periférica é boa para quem dirige, por exemplo”, destaca Spínola.

Como escolher?

A dica do oftalmologista é que o indivíduo, após escolher uma ótica de confiança, relate ao vendedor suas atividades cotidianas e explique suas principais demandas de visão. “Nem sempre a mais cara é a melhor para aquele paciente. Se um paciente usa a visão de modo mais simples, não vai precisar das melhores lentes”, indica.


Raquel Coelho, oftalmologista do Hospital Humberto Castro Lima e professora da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, acrescenta que as lentes podem vir com adicionais, como o tratamento fotossensível e o fotocromático. “Elas fazem as lentes se adaptarem à luz do ambiente, escurecendo em ambientes externos e clareando em ambientes internos. Por isso, conseguem proporcionar maior conforto aos olhos, principalmente para quem tem sensibilidade à luz”, coloca.

Quanto à opção de antirreflexo, o oftalmologista Luiz Spínola alerta quanto à funcionalidade. “É para quem for olhar para você conseguir ver bem seus olhos, sem a interferência de luzes refletindo nos óculos. Mas elas não são para que você que está usando os óculos enxergue melhor”, destaca.

Os oftalmologistas acrescentam que os prejuízos do não uso dos óculos ou do uso de graus defasados são, além de não enxergar bem para perto, dor de cabeça e tontura, mas garantem que é mito a afirmação de que isso pode levar ao aumento do grau.

“Em adultos, esses sintomas são facilmente reversíveis com a correção da prescrição e não deixam sequelas”, afirma Flavio Mac Cord. Mas ele acrescenta a necessidade da ida anual ao oftalmologista. “Além da possível correção do grau, há a realização de exames preventivos de doenças oculares que podem levar à perda de visão, como o glaucoma. É muito importante que eles sejam feitos com regularidade”, finaliza.


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Assista ao vídeo abaixo:

Óculos Multifocal, ter ou não ter?

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